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Imagem em destaque: Netflix

O documentário “Juízo”, lançado em 2007, evidencia entre outras problemáticas a consequência da falta de educação pública no nosso país. Para diversos assuntos e questões no Brasil sempre ouvimos falar que a solução é garantir acesso a educação de qualidade e é a maior verdade. Uma boa educação possibilita melhores oportunidades de vida e trabalho, possibilita que questionemos a realidade e que tenhamos conhecimento dos próprios direitos.

Dirigido por Maria Augusta Ramos, o documentário narra o julgamento de adolescentes detidos por crimes como assalto à mão armada, tráfico de drogas e homicídio. Dentre as muitas cenas impactantes, destaco uma das últimas onde um dos garotos julgados afirma não ter conhecimento do que é LA (Liberdade Assistida) e que por isso, quando aconteceu a rebelião no Instituto Padre Severino ele fugiu junto com os outros em vez de esperar para ser liberado no dia seguinte. Ato que só prejudicou sua situação perante a justiça.

Outra questão exposta no documentário e que deve ser levada em consideração é o fato de como muitas vezes quem mora nas comunidades se vê coagido a “entrar no crime”, pois se não aceitar ou se falhar, será morto pelos traficantes. Ou quando veem o crime como única alternativa para problemas graves como a fome. Todas as vezes em que o Estado falha, o crime surge como possibilidade.

No vídeo “As origens da violência no Rio de Janeiro e no Brasil”, José Beltrame, delegado federal brasileiro e ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, menciona a dificuldade que o Congresso – e acredito que a sociedade de modo geral – tem de falar sobre segurança pública. Estão sempre buscando resolver definitivamente a questão da criminalidade no Brasil, o que parece utópico e distante, em vez de pensar em “pequenas soluções” que amenizem o problema. Devemos pensar em políticas públicas a curto, médio e longo prazo. É importante promover debates e discussões pensando no bem-estar coletivo.

Notamos que no Brasil os governos raramente dão continuidade em um projeto da gestão anterior, mesmo que este estivesse funcionando. Estão sempre querendo se destacar e se autopromover sem pensar na estrutura social. Por esse e outros motivos não podemos esperar que um único político sozinho seja o salvador da pátria.

Beltrame também pontua os impactos do porte de armas, onde enfatiza que violência gera violência. A normalização de discursos que ferem os Direitos Humanos, o armamento da população, o autoritarismo e a censura legitimam comportamentos violentos resultando no aumento deles.

Considerando que é sempre o Estado que aparece como provedor dos direitos do cidadão, ao falhar na garantia destes, principalmente quando se trata de pessoas periféricas, acaba por impulsionar o crime. Ao passo que também fracassa em relação a implementar um sistema penitenciário que funcione de forma efetiva para recuperar, punir e mais posteriormente reinserir os cidadãos de volta na sociedade, o que permite que a população revoltada com a criminalidade faça a disseminação do discurso do “bandido bom é bandido morto”.

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