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Pedro Paulo Lemes

Desde 1972, o Brasil recebe anualmente uma etapa da Fórmula 1, a maior categoria de automobilismo do mundo.

Entre momentos históricos como a derrota de Felipe Massa na última volta em 2008, Lewis Hamilton carregando a bandeira Brasileira em 2021, a disputa emocionante entre o próprio Hamilton e Verztapen também em 2021, além de outros momentos que ficarão guardados na memória de todo fã de automobilismo. Algo passa por fora do radar da grande mídia e das páginas responsáveis por cobrir o evento, o impacto que a existência de um GP do Brasil causa para a economia da cidade de São Paulo.

O Grande Prêmio de São Paulo de F1 de 2022, realizado nos dias 11, 12 e 13 de novembro, superou expectativas e recordes, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O evento, que marcou o aniversário de 50 anos de Grandes Prêmios de Fórmula 1 no Brasil, registrou impacto econômico de R$ 1,37 bilhão para São Paulo; atraiu um público de 235.617 pessoas no autódromo. O cálculo dos impactos econômicos foi realizado pela FGV com informações da Secretaria Municipal de Turismo, através do Observatório do Turismo, da São Paulo Turismo (SPturis).

O público de quase 236 mil pessoas foi 29,9% maior que no ano passado (com destaque para o aumento de 75.8% no público feminino), graças também à instalação de novos setores para os torcedores.
O impacto econômico de R$ 1,37 bilhão (R$ 826,2 milhões diretos e R$ 545 milhões indiretos) aponta um crescimento real de 29,8% em relação a 2021, que foi de R$ 960 milhões. Tamanha movimentação econômica gerou R$ 206,4 milhões em impostos, em um aumento real de 30,4% na comparação com o evento anterior – a arrecadação de tributos em 2021 havia sido de R$ 143,8 milhões.

Para Caio Martins, apaixonado por Fórmula 1 e figurinha carimbada no GP Brasil desde 2016, a criação de novas áreas e a competitividade da temporada anterior foram fundamentais para os números atingidos. “Tinha muito mais gente que nos outros anos que eu fui, acredito que a batalha entre Hamilton e o Max pelo título em 2021 foi o que mais chamou a atenção do público, apesar de em 2022 essa briga não ter existido. outro fator que eu acho que pode ter impactado foi a criação dos novos espaços para a torcida, que acabou liberando mais ingressos.”, disse o torcedor.

O impacto económico direto, é aquele causado pela realização do evento, patrocinadores, público dentro do autódromo entre outros. Já o impacto indireto, é aquele que acontece na cidade por conta do evento, mas não no local da corrida, como aumento na rede hoteleira, comércios da região, entre outros.

A exposição de mídia da cidade de São Paulo com a realização do GP também registrou crescimento. Um dos benefícios mais importantes para um patrocinador na F1 e em qualquer esporte é a sua exposição, e em 2022 o evento gerou 448,6 milhões de dólares em retorno de mídia para a cidade, um recorde, de acordo com o Fórmula Money.

O tipo de exposição gerado foi, em maior parte, pela transmissão da prova ao vivo para mais de 180 países e 445 milhões de expectadores globais únicos – 82,8% da exposição foi graças à transmissão do evento; 12% por mídia online e 5,3% foi por mídia impressa.

O valor total da exposição de mídia gerado nos três anos de realização do GP São Paulo foi de mais de 1 bilhão de dólares para a cidade: em 2019, o retorno da exposição foi de US$ 208,1 milhões; em 2021, US$ 403,1 milhões; e em 2022, US$ 448,6 milhões.

“A realização de um evento como a Fórmula 1 traz diversos impactos positivos para a cidade. A começar por colocar São Paulo como um destino turístico, já que a F1 traz pessoas de todo o mundo e que talvez não teriam São Paulo como destino favorito para uma viagem se não fosse a corrida. Além disso, a própria população ganha bastante, pois a quantidade de turistas que chegam precisam se alimentar, precisam dormir em algum lugar, acabam comprando presentes para seus familiares, então todos acabam ganhando de certa forma, principalmente quem está mais próximo a Interlagos”, diz o economista Ricardo Mariano.

Do público que foi ao autódromo para assistir o GP São Paulo, 70,2% eram de fora da capital. Desses, 45,5% vieram de fora do estado e 4,6%, de fora do país. Em 2021 o número de pessoas que veio de fora da capital foi de 64,4%, com 39,9% de fora do estado e 3,1% de fora do país. A presença feminina em Interlagos aumentou em 75,8% e passou de 20,7% em 2021 para 36,4% este ano.

O público mais jovem também compareceu mais ao circuito este ano. O público de 18 a 24 anos passou de 14,3% em 2021 para 21,3% em 2022; na faixa de 25 a 29 anos o crescimento foi de 18,8% para 22,8% este ano. Já entre o público de 30 a 39 anos a porcentagem no circuito caiu de 32,5% para 28,3% e na faixa dos 50 aos 59 baixou de 9,1% para 8,3%. A porcentagem de pessoas com mais de 60 anos diminuiu de 5,4% para 4,1%.

Neste ano de 2023, a expectativa é de que esses números continuem tendo um crescimento, já que os ingressos liberados para o público do GP de São Paulo foram esgotados em tempo recorde, em menos de uma hora.

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