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Estimativa, feita pela empresa norte-americana de moda online ThredUP, também é tendência no mercado brasileiro

Clientes no brechó “Street Wear” em Goiânia. Foto: Henrique Pacheco

Ultimamente o cenário do comércio varejista tem passado por uma revolução silenciosa e peculiar, e a emergência do mercado de brechós é um indicativo dessa mudança. Essa tendência tem sido vista no mundo e no Brasil não poderia ser diferente.

De acordo com dados do Boston Consulting Group (BCG), a indústria de brechós, sebos e antiquários no Brasil está prevista para permanecer em ascensão nos próximos anos. O BCG também estima um crescimento significativo no segmento de moda circular, com projeções indicando um aumento entre 15% e 20% até 2030 no país.

A ascensão do consumo de roupas seminovas teve impacto significativo na indústria da moda e em brechós. Essa mudança nos hábitos de consumo pode ter uma série de fatores como o aumento da conscientização sustentável, os desafios econômicos, a popularização do e-commerce e o interesse em itens únicos e “vintage”.

COVID-19

A crise econômica causada pela pandemia levou empreendedores ao fechamento de seus negócios, no entanto muitos outros enxergaram uma oportunidade de adentrar no mercado. Segundo o Ministério da Economia o Brasil registrou em 2022 o encerramento de atividades de 1.695.763 empresas e a abertura de outras 3.838.063, sendo que a atividade econômica mais explorada foi o comércio de artigos de vestuário e acessórios com 195.169 novas empresas.

Durante a pandemia, houve uma mudança nos padrões de consumo, com mais pessoas trabalhando e estudando de casa, houve o crescimento do comércio online e isso possibilitou a abertura de muitas novas empresas e divulgação de seu trabalho.

Mas aonde os brechós entram nisso? A crise sanitária também trouxe uma maior conscientização sobre as questões ambientais e de sustentabilidade. As pessoas reavaliaram o impacto de suas escolhas de consumo, levando a um interesse crescente em roupas de segunda mão e brechós, que se alinham aos princípios de reutilização e redução de desperdícios.

Além disso, os brechós estão ganhando cada vez mais popularidade entre jovens e adolescentes que estão cada vez mais interessados em peças seminovas e vintage. Esse interesse é refletido até mesmo no mundo pop, que tem obtido sucesso com produtos que revisitam o passado, seja em roupas ou produções audiovisuais. Como exemplo temos os filtros de instagram que simulam câmeras antigas, a reutilização de sintetizadores em músicas, filmes e séries situados em outras épocas, e por aí vai.

Sempre foi um lado da moda que eu gostava, mas não explorava tanto. Com o tempo eu fui conhecendo alguns brechós aqui em Goiânia e comecei a ir atrás de outros e percebi que eu gosto de garimpar e tenho um olho bom pra isso. Então eu decidi abrir um brecho on-line pra vender umas peças antigas, mas de qualidade que eu tinha pra começar a tirar uma grana e fazer esse meu rolê de garimpar virar um negócio, porque assim eu consigo ir muito mais vezes e encontrar peças que por mais que eu não usaria eu sei do valor delas e gosto muito disso.

Comenta Henrique Pacheco, jovem empreendedor de 20 anos que iniciou seu brechó online “NotSoFresh

Brechós X Fast Fashion

O debate à respeito da problemática da indústria do fast fashion, concentradas principalmente em questões ambientais, éticas e sociais, têm colaborado também para o crescimento dos brechós. Consumo consciente, sustentabilidade ambiental, exclusividade, qualidade e custo acessível são apenas algumas virtudes dos brechós em relação ao fast fashion.

Além disso, essa indústria de “moda rápida” busca por custos de produção mais baixos, tornando comum muitos casos de exploração de mão de obra em países em desenvolvimento, as condições de trabalho podem ser perigosas, com salários baixos e longos turnos de trabalho regados de prazos apertados e muita pressão.

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