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Sebo é o nome dado a comércios que compram e vendem itens usados, como: livros, discos, cd’s, revistas, artigos de decoração, entre outros produtos. A origem do nome é incerta, mas a teoria mais conhecida é que a denominação surgiu porque, por já terem sido manuseados anteriormente, os livros usados acabavam ficando “ensebados”. Em Goiânia, a região do Centro é o lar de diversos sebos históricos, como a Hocus Pocus e o Armazém do Livro.
Hocus Pocus: um negócio de família
Localizado na esquina da Av. Paranaíba com a Av. Araguaia, a Hocus Pocus atua na região desde 1992 e conta com um espaço dividido em três andares: o primeiro dedicado à cultura pop e geek, com broches e camisetas, o segundo com discos, cd’s e alguns livros, e o terceiro se encontra uma variedade maior de livros e revistas.
A trajetória da Hocus Pocus começa na antiga Feira Hippie, localizada na Av. Goiás, nos anos 80. O proprietário, Luiz Fafau, e seu irmão tinham uma banca onde comercializavam vinis, quadrinhos, livros, etc, e por conta desta experiência, junto com seus irmãos, teve a ideia de abrir uma loja, inaugurando a Hocus Pocus em 1992. Começando inicialmente com vinis, livros e jornais alternativos, com a evolução do mercado o acervo da Hocus Pocus foi crescendo, junto com a variedade de produtos comercializados, tendo, inclusive, hoje um dos maiores acervos de histórias de quadrinho de Goiás.
“O sebo executa um trabalho que é a questão da democratização da leitura. Um livro quando sai novo e você vai comprar na livraria, ou na editora e costuma ser caro, são raros os lançamentos que a editora consegue por no mercado que seja de baixo custo. O sebo entra para fazer que a pessoa consiga comprar um livro mais barato, porque o livro já circulou, já conseguiu cumprir uma primeira fase da “função” dele, volta pro mercado muitas vezes em condição de novo, e é a oportunidade da pessoa adquirir por um preço melhor e o livro ganhar uma segunda vida”, afirma Luiz Fafau.
O feirão da Hocus Pocus, que geralmente acontece aos sábados, surgiu em 2016 por conta da experiência em vender livros em bancas de Junior, um dos sócios da propriedade e irmão de Luiz. Visando atrair mais o público para os produtos e incentivo à leitura, o feirão conta com liquidações e diversas promoções para os clientes, com alguns livros sendo vendidos até por 1 real.
Armazém do livro e os quarenta anos de história
Localizado na Av. Goiás, o Armazém do livro conta com livros novos e usados, quadros decorativos, discos e eventos. Paulo Marcio, dono do armazém, conta que o livro que o fez se apaixonar pela leitura e que mais o marcou foi “A Volta ao Mundo em 80 Dias” de Júlio Verne, quando Paulo tinha doze anos de idade. Aos 18, Paulo veio para Goiânia e se juntou ao irmão que trabalhava em outra livraria, e juntos abriram o Bazar Cultural, em 1986, posteriormente mudando o nome para Armazém do Livro.
O negócio foi crescendo, e o mercado era muito bom, vendendo discos de vinil, cd’s, livros, etc. fazendo que outras unidades também fossem abertas anos mais tarde. Com o surgimento da internet, a única mudança foi na característica da procura dos livros: se anteriormente havia uma procura maior por dicionários, ou livros didáticos, atualmente quase não existe.
“Livros de interesse geral e que despertam paixão ainda vendem muito. A literatura é muito importante. Com a literatura você viaja sem sair do lugar, alimenta fantasias e ideias. Acho que é uma vitamina para o espírito”, afirma Paulo Márcio.
Uma vez ao mês é realizado o evento “Vinho e Prosa no Armazém”, onde o armazém convida artistas e amantes da literatura para uma noite de conversas e vinho por conta da casa, para discorrer sobre diversos assuntos.
Os leitores apaixonados
Criada em um lar que sempre valorizou a leitura, Maria Eduarda Manzolli, 19, sempre teve contatos com livros. Sua mãe, que é pedagoga, sempre levava livros para a casa, o que incentivou nas filhas a cultura de estarem sempre lendo. A paixão de Maria Eduarda pela leitura se aflorou ainda mais no final do ensino fundamental, onde teve contato com outros gêneros literários e novos livros que nunca havia lido antes.
“Eu compro em sebos, e acho que a principal razão para as pessoas também comprarem em sebos, é por causa dos preços dos livros. Ler é muito caro. A gente sempre opta pelas opções mais acessíveis, que são os sebos da cidade”, afirma Maria Eduarda
Cristina Borges, de 53 anos, também sempre foi apaixonada pela leitura. Quando estava no ensino médio, comprava livros em sebos assiduamente, e posteriormente até os revendia.
“Eu sempre gostei de ler. Eu comprava os livros usados, geralmente tinham duas versões do mesmo livro e eu sempre comprava a mais nova. Atualmente não sei se as pessoas ainda compram em sebos, mas eu acho que é um ótimo incentivo à leitura por conta do preço”, compartilha Cristina.
Renato Martinez, 20, compartilha das visões de Cristina e Maria Eduarda. Para ele, a leitura é o que possibilita a imersão em novos universos, e o contato com o que não encontramos no cotidiano. Além de tudo, a leitura ainda tem o poder de desenvolver habilidades como a criatividade e o raciocínio.
O principal motivo para eu comprar em sebos é o valor. Infelizmente, a gente vive em um país que a leitura não é valorizada, e acaba que os sebos possibilitam essa democratização da leitura, com preços acessíveis. Outro ponto que me faz comprar em sebos é que também encontro camisetas, câmeras, discos e edições mais antifas de livros que eu não encontraria em livrarias normais”, afirma Renato.
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