Hackathon Low Code: projeto da UFG ganha 2°lugar em prêmio nacional e destaca a importância dos jovens no mundo da tecnologia

O projeto Hackathon Low Code, que visa introduzir a área de tecnologia à alunos da rede pública do Estado, conquistou o segundo lugar no Prêmio Boas Práticas do Consórcio Brasil Central.
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No dia 11 de dezembro de 2023, o Consórcio Brasil Central divulgou o resultado final da segunda edição do Prêmio de Boas Práticas. O projeto Hackathon Low Code – que visa a resolução de problemas, de forma inovadora através da programação e é destinado a jovens da rede pública Estadual -, conquistou o segundo lugar na categoria “Educação”. A premiação dos projetos vencedores ocorrerá em Brasília, no dia 23 de janeiro.

A Hackathon Low Code é um projeto formado em parceria entre o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA – UFG), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Secretaria de Educação (SEDUC). Atuando desde 2021, o projeto – que é voltado para alunos entre 9 e 20 anos -, se baseia em quatro etapas: a capacitação de professores da rede estadual de ensino em habilidades de empreendedorismo e no uso de ferramentas Low Code; o “repasse” desse conhecimento para os alunos; a execução de bootcamps preparatórios com os estudantes e a participação nas Campus Party de 2022 e 2023.

Alunos da rede estadual de ensino dos municípios de Jussara e Itapuranga venceram o Hackathon Low Code na Campus Party de 2023/ Fonte: Seduc GO

O Projeto

O Hackathon Low Code teve início em 2021, através da parceria entre o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA – UFG), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Secretaria de Educação (SEDUC). Participaram, ao todo, 354 alunos e 118 professores, de instituições de ensino da rede pública de educação do Estado de Goiás, incluindo escolas indígenas, quilombolas, de tempo integral, parcial, militares e de tecnologia.

Uma Hackathon consiste em uma maratona de tecnologia, em que as equipes precisam desenvolver soluções tecnológicas para um problema de um tema específico da sociedade, que é definido pela organização do evento. Já o formato Low Code, “consiste em diversas plataformas onde é possível desenvolver um aplicativo do zero até a sua entrega pros usuários de forma visual, encurtando a curva de aprendizado para que não-desenvolvedores também consigam colocar suas ideias em prática.”, esclarece João Gabriel Junqueira, coordenador do projeto.

Para João Pedro Marques – professor de matemática do CEPI (Centro de Estudo em Período Integral) José Pereira de Faria, de Itapuranga, colégio que venceu a Hackathon Low Code da Campus Party de 2023 junto ao colégio de Jussara -, projetos como esse, que unem educação, inovação e tecnologia são muito importantes para a formação do estudante e, também, do mercado.

“O mercado de tecnologia, ainda mais atualmente, precisa de gente que pense fora da caixa. O que é normal, o que todo mundo pensa, as inteligências artificiais já fazem. Então o que pode ser pensado envolvendo a tecnologia, pessoas que realmente não fazem mais do mesmo. Pessoas que vão além. Então é essa educação que a gente tem que preparar. A gente tem que preparar os nosso jovens para um mundo que está em processo de mudança.”

Prêmio Boas Práticas

O Prêmio de Boas Práticas, elaborado pelo Consórcio Brasil Central, é uma premiação que visa promover o intercâmbio de boas práticas entre os participantes do Consórcio (Distrito Federal e os estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins), nas áreas de Saúde Pública, Segurança Pública, Educação, Infraestrutura e Logística, Desenvolvimento Econômico e Social, e Gestão Pública e Inovação.

Em 2023 houve a segunda edição da premiação com cerca de 131 iniciativas, sendo que 31 delas vieram de Goiás. Na categoria de Educação, o projeto Hackathon Low Code conquistou o segundo lugar. Já o primeiro colocado da categoria foi o Programa Estudantes de Atitude, também de Goiás.

A participação feminina

Segundo o “Relatório da Diversidade”, realizado pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais) em 2022, embora as mulheres representem 51% da população brasileira, no mercado de trabalho elas constam cerca de 44% das contratações. No entanto, na área de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), a disparidade de gênero se torna um problema mais acentuado: apenas 39% dos cargos são ocupados por mulheres.

Além disso, ao fazer o recorte racial, os índices apresentados na pesquisa se tornam ainda menores: 11,6% do mercado de TIC é composto por mulheres negras.

No projeto Hackathon Low Code, participaram, entre alunas e professoras, cerca de 200 mulheres, o que representaria aproximadamente 40% dos participantes. Para João Gabriel Junqueira, coordenador do projeto, esse número reflete a realidade apresentada na pesquisa e reforça a necessidade de iniciativas que tragam o público feminino para esses ambientes de tecnologia e inovação: “nas duas edições do Hackathon tivemos equipes formadas por apenas alunas mulheres e que ficaram entre as principais colocadas. Também vale ressaltar a participação das escolas indígenas e quilombolas onde também tivemos a presença de alunas e professoras que puderam trazer a diversidade de ideias e talentos.”.

O mercado de tecnologia

O Relatório Setorial de 2022, organizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, informa que nos últimos 5 anos houve um crescimento de 6,9% ao ano no Macrossetor de TIC. No entanto, o crescimento do setor não segue o nível de profissionais capacitados no mercado, uma vez que o relatório “Demanda de Talentos em TIC e Estratégia Σ TCEM”, também da Brasscom, indica um déficit de cerca de 106 mil profissionais.

Para João Gabriel Junqueira, instigar o interesse pela tecnologia desde o início da formação do estudante é importante, “Um programa como este na rede básica ajuda a preencher essas lacunas na medida em que os alunos tem acesso a este conteúdo muito antes do ensino médio e do ensino superior”.

Gráfico sobre a projeção de necessidade de profissionais da área de tecnologia nos próximos anos/ Fonte: Brasscom

Em artigo publicado no site oficial da Associação, a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), reafirma a importância de se aliar a educação com a capacitação profissional no ramo da tecnologia para combater o déficit de profissionais no mercado brasileiro, “Educação e treinamento andam juntos. É fundamental investir em programas de educação e treinamento que preparem as pessoas para as habilidades necessárias na economia digital. Isso pode incluir o desenvolvimento de currículos atualizados, cursos on-line, programas de reconversão profissional e parcerias entre instituições de ensino e empresas para oferecer programas de estágio e aprendizado prático.”

Segundo o estudo Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com o apoio da Fundação Dom Cabral e divulgado pela revista digital Forbes Brasil, pensamento criativo, flexibilidade e pensamento analítico, então entre as habilidades mais exigidas pelos empregadores.

Para Emília Franco, analista do Sebrae Goiás (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), projetos que visam a tecnologia e educação, são importantes pois fomentam os valores de protagonismo e empreendedorismo, que são benéficos para a formação pessoal e comportamento profissional do jovem: “Então isso é uma formação. Você colabora não só pra pessoa criar o seu negócio, mas ela atuar como empreendedora em outras situações, até mesmo sendo empregado.”

Franco acrescenta, ainda, a importância que o desenvolvimento desses valores tem até mesmo para a economia do Estado “a partir do momento que se tem empresas qualificadas e bem preparadas, você automaticamente vai contribuir para a economia. Se essa pessoa futuramente vai abrir um negócio, vai participar de uma empresa e traz resultados positivos, ela vai contribuir para a economia, para a geração de renda.”

Já para o professor João Pedro do CEPI José Pereira de Faria, a capacidade criativa e de inovação são fundamentais para a formação dos jovens e futuros profissionais da área da tecnologia, “Eu falei para eles [os alunos]: vocês não precisam elaborar uma empresa para ficar rico. Vocês precisam ter uma boa ideia. O que faz com que as pessoas mudem de situação é pensar fora da caixa, algo inovador que faz com que aquilo seja único. Porque tudo que é único tem o seu valor”.

Além disso, ele destaca o caráter de mudança que os jovens já podem trazer, hoje, para a sociedade com a tecnologia. A proposta desenvolvida pelo CEPI de Itapuranga junto ao colégio de Jussara, ganhadora do Hackathon Low Code da Campus Party de 2023, conquistou, também, um projeto de pesquisa em parceria com a Universidade Federal de Goiás para o desenvolvimento da ideia. O aplicativo, consiste em uma proposta que une educação e mobilidade urbana: enquanto a pessoa está aguardando o transporte público, ou mesmo, no seu trajeto, ela pode usar o tempo ocioso para aprender conceitos básicos de programação de forma lúdica, de modo a aumentar o conhecimento e capacitação na área da tecnologia.

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